A Ressurreição é Evangelho

Ressurreição de Cristo por Rafael, 1499-1502. A pintura com óleo sobre madeira, nas medidas de 52 × 44 cm, encontra-se no Museu de Arte de São Paulo.

Observa-se que a Ressurreição é celebrada de diferentes maneiras. Para multidões, não passa de um evento histórico apenas, e ficam indiferentes diante do fato passado; se existiu, tudo bem; se não, melhor ainda. - Para outras multidões, a ressurreição não passa de um boato: espalhou-se a ideia de que um humilde nazareno foi rejeitado pelo povo e crucificado por soldados, com requintes de crueldade. Depois, a vítima foi posta numa gruta e ao fim de alguns dias conta-se que ressuscitou. Mas, quem garante? - E para outras ainda, a ressurreição é mais um final de semana prolongado, aproveitável para viagens, descanso e para regalo ao redor de mesas fartas. Lembram-se somente de satisfazer seus desejos imediatos, em detrimento da Verdade Eterna que a Semana Santa expõe, apropriada para que o povo abasteça as suas necessidades espirituais.

Torna-se, portanto, cada vez mais necessário e urgente, que interpretemos a Ressurreição à base da dinâmica cristã, isto é, à base da Pessoa de Cristo.

João Batista, ao ver Jesus vindo na direção dele, disse: “Aí está o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo.1.29). Esta proclamação convida os seus ouvintes à ação! - A mulher samaritana abandonou o seu pote, voltou à cidade e disse a todos: “Venham ver o homem que disse tudo o que eu tenho feito” (Jo.4.29). - Quando João Batista mandou que alguns dos seus discípulos fossem perguntar a Jesus se Ele era o Messias, João recebeu não uma resposta ideológica, mas pratica: “Voltem e contam a João o que vocês estão ouvindo e vendo. Digam a ele que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e os pobres recebem o evangelho” (Mt.11.4,5). – O próprio ladrão na cruz ouviu Jesus dizer: “Hoje você estará comigo no paraíso” (Lc.23.43). O Mestre não falou: “Conforma-te, estou em idêntica situação!” Mas disse-lhe: “Há um caminho a seguir, uma experiência a receber, um estado a usufruir: Hoje você estará comigo no paraíso.

Refletindo sobre tudo isso, certamente concordaremos com quem assim se expressou: “A Ressurreição deve ser interpretada por nós como um convite para agir e como um mandamento para espalhar boas novas. Neste sentido o Evangelho é Ressurreição; e em sentido inverso, a Ressurreição é Evangelho, que é propagação.”

Sejamos fieis intérpretes do Cristo Vivo, para quantos nos rodeiam!

- Pastor Alaor


Publicado originalmente no boletim informativo da CELC/SP - nº320