Martinho Lutero: uma breve biografia

LUTERO (Martinho), teólogo e reformador alemão (Eisleben, Turíngia, 1493 – id. 1546). Era mestre em filosofia quando entrou para os agostinhos (1505). Padre (1507), doutor em teologia (1512), ensinou na Universidade de Wittenberg a partir de 1513. Lutero procurou, acima de tudo, situar o problema da salvação em uma doutrina segura, que encontrou, em 1515, na Epístola de Paulo aos Romanos. O Comentário que disso fez corresponde à perspectiva luterana: em face ao Deus Amor, o homem é pecador; é perdoado por sua fé, única que salva. Nisso, Lutero opôs-se aos abusos que a Igreja cometia quanto ao perdão através das obras, mesmo as que eram duvidosas ou garantidas pelas indulgências. Foi precisamente a campanha dirigida, em 1517, pelo dominicano Tetzel em favor de indulgências concedidas aos que ajudassem na construção de São Pedro de Roma que levou Lutero a tornar públicas, em 31 de outubro de 1517, as 95 teses que marcaram o início da Reforma. Ele não pensava em abandonar a Igreja, queria libertá-la dos abusos que estavam ocorrendo; mas suas polêmicas com os teólogos romanos acabaram levando à sua condenação por Leão X, em 1520.

No mesmo ano, Lutero publicou as três “grandes obras reformadoras”, fundamentos do luteranismo: o manifesto À nobreza cristã da nação alemã, onde criticou a supremacia romana, insistindo na idéia do sacerdócio universal dos cristãos, por ele oposto ao clericalismo romano decadente; O cativeiro da Babilônia, onde contestou a teoria romana dos sacramentos, conservando apenas o batismo e a ceia, e onde criticou o caráter de sacrifício da missa; Da liberdade do cristão, onde formulou uma nova doutrina da Igreja e insistiu sobre a autoridade única da Escritura e sobre o caráter falacioso da Tradição tal como Roma a apresentava.

Banido do Império em 1521, Lutero foi ocultado por seu protetor, Frederico da Saxônia, no castelo de Wartburg. Iniciou a tradução da Bíblia para o alemão, dando, dessa forma, à literatura alemã, sua primeira grande obra. Tendo retornado a Wittenberg (1522), opôs-se aos anabatistas e interveio, junto aos senhores, na guerra dos camponeses (1524-1525). Derrotados estes, pôde organizar sua Igreja, dotá-la de uma catecismo, regulamentar o culto e uma liturgia onde concedeu participação ativa aos fiéis. Embora tendo rompido com Erasmo e o humanismo (Do servo arbítrio, 1525), Lutero casou-se com Katharina von Bora, uma antiga cisterciense, que lhe deu seis filhos.

A partir de 1530 e da redação da Confissão de Ausburgo por seu discípulo Melanchthon, Lutero pôde dedicar-se, em paz, à consolidação de sua obra: em 1537, os Artigos de Esmalcalda, redigidos pelo próprio Lutero, completaram a Confissão de Ausburgo. Morreu em plena atividade.

Fonte: Grande Enciclopédia Larousse Cultural.

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