Um homem marcado

Ele dormira mal. Sua esposa tivera um pesadelo. Cedo de manhã já se faziam ouvir gritos na rua, preanunciando um dia atribulado. Pilatos entrava na História. Se a parafernália jornalística fosse como hoje, com gravações de som e vídeo registrando tudo em alta fidelidade e a cores, talvez este governador romano tivesse mais cuidado em suas palavras, indecisões e na sua resolução final que o perpetuou na história e no credo. Trouxeram-lhe um preso acusado de criminoso e lhe exigiram julgamento. Eis que no decorrer do processo aconteceu que inverteram-se os papeis e o acusado, Jesus Cristo, declarou-se Rei. Amedrontado, Pilatos lava as mãos e diz: “Eu não sou responsável pela morte deste homem. Isso é com vocês” (Mt.27.24). Após chicoteá-lo, levaram Jesus para ser crucificado.

Pilatos certamente pensou que o tempo apagaria este episódio perturbador e que tudo voltaria à rotina lá na Judeia. Mas não, ele ficara marcado para sempre! Em 1974, o jurista e historiador francês, Jacques Isorni, compareceu perante um tribunal de seu país e pediu que os Judeus fossem absolvidos da acusação de terem morto Jesus. Para Isorni a responsabilidade total do crime recaia sobre Pilatos. E assim, o homem que outrora se assentara como juiz, até hoje não pode esquivar-se à condição de réu que lhe veio desde aquele crucial encontro com Jesus.

Passam-se os anos e Jesus sempre de novo volta a ser julgado pelo mundo. Parece impossível aos homens deixarem de fazê-lo. Jesus sempre retorna ao centro da vida. Ele induz a não sermos apenas expectadores. Empurra-nos à decisão e não admite o morno. É frio ou quente! E daí será tirada a nossa sentença.

Lá do alto Jesus observa o ódio com que certos grupos radicais atacam e matam os cristãos. Observa o profundo desprezo com que certos intelectuais enfatuados se referem ao nome de Deus. Observa como determinados militantes desejam e lutam para tirar o Eterno Deus Triúno do ensino nas escolas, do seio da família e até do peito de muitos fieis. O tribunal continua ainda em sessão.

Nas sociedades secularizadas, cada vez mais as manifestações religiosas são relegadas aos recintos privativos. (foto: Jean Tosetto)
Nas sociedades secularizadas, cada vez mais as manifestações religiosas são relegadas aos recintos privativos.

Todavia, os adversários de Cristo assim como outrora não puderam abafar o pânico causado pela Sua presença, também hoje ninguém conseguirá impedir a marcha triunfante do Evangelho do Filho de Deus, o Juiz, que cedo ou tarde, virá bater à porta de cada coração e exigir, em nome da Verdade, uma resposta.

Pôncio Pilatos, pelo seu faro jurídico, percebeu que Jesus não tinha crime algum. É pena que ele não tenha percebido o que de fato Jesus era e é ainda agora:  o Messias Salvador, o Vencedor da morte, a Luz do Mundo, o Pão da Vida, o Amigo verdadeiro, o Alfa e o Ômega, o Caminho, a Verdade e a Vida Eterna!

- Pastor Alaor

Publicado originalmente no boletim informativo da CELC/SP - nº 385