Os dissabores da ausência

No domingo da ressurreição, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos alhures em Jerusalém. Do grupo dos doze, duas ausências: de Judas Iscariotes, que anteriormente já abandonara O Caminho, e de Tomé. Qual teria sido a razão da ausência de Tomé? Seria, talvez, algo semelhante às nossas ausências nos cultos dominicais? Mas qualquer desculpa dada, não justificaria a perda das bênçãos que os seus amigos desfrutaram naquela hora vespertina. Ele deixou de receber do próprio Cristo Redivivo o perdão e o amor embutidos nas palavras: “Que a paz esteja com vocês!” Tomé deixou de ser testemunha ocular desta inesperada aparição do Mestre ocasionando conforto, alegria e novas esperanças a este seleto grupo de seguidores. Com sua ausência, Tomé sentiu o amargo dissabor por não ter aproveitado esta especial comunhão com o Salvador ressuscitado e com os seus companheiros na Obra. Consequentemente, teve dúvidas e exigiu prova concreta para crer.

Pintura de Caravaggio (1571~1610): A incredulidade de São Tomé.

Um alerta! Quando a ausência da igreja se torna costumeira na vida do cristão, bênçãos são desperdiçadas. A fé não alimentada pelos meios da graça fica totalmente debilitada e pode extinguir-se. E sem fé não há sequer boas obras, quanto mais, salvação.

Além dos dissabores pessoais, Tomé causou desvio de foco aos demais apóstolos. Devido a sua teimosia em acreditar na vitória do Ressuscitado, os seus amigos se preocuparam com ele em detrimento de usufruírem ainda mais intensamente da alegria por estarem com o Cristo Vivo. Ainda bem que Jesus deu uma nova chance a Tomé e, então, desta vez, ele soube aproveitá-la!

Quantas oportunidades nós já tivemos e não aproveitamos? Até quando Deus dará a você e a mim novas chances de comunhão com os irmãos no Templo do Senhor? Quantas ocasiões ainda teremos para estreitar a nossa comunhão com o Deus Triúno, pela pregação da Sua Palavra e pela participação na Mesa do Senhor?

Outro alerta! Não transformemos aquela “semana do Tomé” em um dissabor permanente na nossa vivência cristã! Não abandonemos a nossa congregação! Precisamos da Paz do Senhor!

- Pastor Alaor

Publicado originalmente no boletim informativo da CELC/SP - nº332