Sem bagagem

No dia 5 de outubro de 2011, segundo afirmou Barack Obama, “o mundo perdeu um visionário, e pode ser que não haja um tributo maior a seu sucesso que o fato de que boa parte do mundo se inteirou de seu falecimento através de um engenho inventado por ele.” O presidente americano referia-se a Steve Jobs, aquele que fez a Apple ser o que é: a empresa que teve o maior aumento do valor de marca no ranking 2011.

Na mesma data, foi encontrado num beco periférico de São Paulo, o cadáver de um homem de meia idade, maltrapilho e sem identificação, de acordo com um minúsculo registro na página policial.

Diante desse contraste, lembrei-me daquelas inspiradas palavras do apóstolo Paulo ao seu discípulo Timóteo: “O que foi que trouxemos para o mundo? Nada! E o que é que vamos levar do mundo? Nada!”. (1 Tm. 6.7) 

"Timóteo e sua avó".  Óleo sobre madeira de Rembrandt, cerca de  1648.

Há famílias que se ufanam da nobreza de sua estirpe e indivíduos que reivindicam direitos de nascimento. Porém, a Bíblia nivela a sociedade. O “nada trouxemos” coloca todos em pé de igualdade, sem bagagem.

A vida é dádiva de Deus. O nosso corpo é presente do céu. Tudo é oferta do Senhor. Ele confiou-nos a administração de todos os bens, mas jamais nos conferiu a propriedade dos mesmos. Nada levaremos deste mundo. Nada, a não ser nós mesmos. A riqueza ou a pobreza verdadeira são sempre interiores. O que acumularmos no mundo, fica. O que somos dentro de nós mesmos, atravessará o vale da morte e estará perante Deus e a eternidade. Um famoso bilionário morto é absolutamente igual a um anônimo mendigo morto. Só Jesus no coração pode marcar a diferença.

Portanto, convictos do perdão e da salvação em Cristo, cabe-nos a tarefa de usar com acerto o que aqui recebemos e temos, mas, que não nos pertence. Nada levaremos deste mundo, a não ser o que decidimos ser no íntimo. Isto constituirá a medida pela qual Deus julgará cada um, bilionário ou pobre, ilustre ou desconhecido. O cuidado que dedicamos ao que de Deus recebemos, reflete o apreço pela sua origem e valor.


- Pastor Alaor

Publicado originalmente no boletim informativo da CELC/SP - nº338