Letos e brasileiros, batistas e luteranos

Em razão da bem sucedida visita de Vaira Vike-Freiberga, Presidenta da Letonia, ao Brasil - que contou com a colaboração mútua de luteranos e batistas descendentes de letos em Nova Odessa, na organização de uma recepção histórica - o Pastor da Primeira Igreja Batista de Nova Odessa, Raini Raymundo Peterlevitz, convocou uma reunião de agradecimento, no dia 28 de julho de 2007.

Nesta reunião estiveram presentes o Pastor Renaldo Hervin Zzeberg, da Segunda Igreja Batista de Nova Odessa, o próprio Pastor Raini, e Jean Tosetto, Presidente da Igreja Evangélica Luterana de Nova Odessa, representando o Pastor Alaor G. dos Santos, que tinha um compromisso prévio em São Paulo.

Membros laicos das três igrejas também puderam se manifestar, inclusive Alfredo Peterlevitz, da Primeira Igreja Batista - à direita, que relatou sua recente visita à Letônia e a grande repercussão nos meios de comunicação daquele país, sobre a viagem de sua Presidenta ao Brasil.

Voluntários das duas Igrejas Batistas de Nova Odessa formaram um belo conjunto de bandolins para executar duas peças musicais, mantendo a tradição herdada dos primeiros imigrantes letos no Brasil, que a este país trouxeram também o hábito de cantar em corais.

Cada representante das Igrejas puderam expressar uma mensagem para todos ali reunidos, inclusive o presidente da comunidade luterana, que leu a seguinte mensagem:

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O nosso Senhor Jesus Cristo nos ensina que o Reino de Deus pode ser comparado a um grão de mostarda, que quando lançado na terra, germina e cresce até se tornar uma árvore frondosa onde até os pássaros se aninham.

Ficasse uma árvore restrita ao seu tronco central ela não teria copa e não faria sombra nos dias de sol escaldante, e abrigo em dias de chuva. Por isso ela se divide em ramos e galhos, que se separam entre si e seguem as vezes para direções opostas. Para os seres humanos estas separações também ocorrem e são vistas como dolorosas, mas necessárias.

Foi desta forma que os primeiros letos aportaram no Brasil, uma terra com nome de árvore que acolheu a vinda de diversos povos do mundo ao longo de sua história. Não é fácil partir, pois não se sabe ao certo o que esperar do futuro, e os letos tinham apenas uma certeza: de que eles confiariam o seu caminho ao Senhor, pois o mais Ele o faria.

Foi assim que em 1906 os letos chegaram na região de Nova Odessa, trazendo consigo a fé que seria fundamental na implantação das Igrejas Batistas e Luteranas em terras do interior de São Paulo. Também as Igrejas Batistas e Luteranas são ramos da mesma árvore, pois nelas correm a mesma seiva, que é a palavra de Deus na Bíblia.

Assim como os ramos e galhos de uma árvore podem se cruzar novamente e até mesmo se entrelaçar, os descendentes brasileiros daqueles letos corajosos receberam com orgulho a comitiva oficial do governo da Letônia, cem anos depois, num momento histórico que uniu também os ramos batistas e luteranos da Santa Igreja Cristã.

Neste momento, sabemos pertencer a um mesmo tronco. Antes de sermos letos ou brasileiros, somos filhos de Deus. Antes de sermos batistas ou luteranos, somos cristãos. E somente com Jesus Cristo seguiremos juntos e crescendo, para levar a boa nova aos ninhos mais distantes.

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O Cônsul Geral da República da Letônia, João Grimberg, marcou sua valiosa presença reportando em linhas gerais os passos da presidenta da Letônia no Brasil, inclusive as audiências com as autoridades brasileiras, que incluíram o Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o Governador do Estado, José Serra, e o Presidente Lula.

Na centenária Igreja Batista de Nova Odessa, estiveram reunidos os membros das duas Igrejas Batistas da cidade, assim como os luteranos, tanto da Igreja Evangélica de Nova Odessa, como da Igreja Luterana Leta de São Paulo.

Ao final do culto festivo, os participantes se dirigiram para o salão de recepções e saborearam o tradicional chá de marmelo, acompanhado de doces e salgados típicos da culinária dos descendentes de letos, encerrando uma data memorável.


Fotografias de Renata Alves de Paula
Texto de Jean Tosetto

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