Ao pé da cruz

Jesus na cruz entre os dois ladrões. 1619-1620. Por Rubens, atualmente no Museu Real de Belas Artes de Antuérpia, na Bélgica.

Na maioria das obras de arte vê-se representado Cristo na cruz como um homem sem vigor, aniquilado e desprezado. Aquele trágico evento no Gólgota é o exemplo vivo de até onde pode chegar a injustiça humana. O que lá no alto do Calvário aconteceu pode ser interpretado, conforme alguém disse, “como a expressão mais suja, mais violenta, mais cruel, mais horrenda do pecado humano contra um ser inocente e totalmente desamparado”.

Para o grande missionário Paulo de Tarso, entretanto, a cruz de Cristo foi um “desfile de vitória” e não apenas o sacrifício passivo de um santo inocente. Em Colossenses 2.13-15 o apóstolo escreve jubiloso a vitória de Jesus: “Deus perdoou todos os nossos pecados e anulou a conta da nossa dívida. Ele acabou com essa conta, pregando-a na cruz. E foi na cruz que Cristo se livrou do poder dos governos e das autoridades espirituais. Ele humilhou esses poderes publicamente, levando-os prisioneiros no seu desfile de vitória.”

Como cordeiro Jesus foi levado ao matadouro, todavia, se converteu no Rei glorioso “que vem de Edom, vestido de roupas vermelhas, luxuosas, que vem marchando forte e poderoso”, Is.63.1. E o Pai tomou parte ativa no drama da cruz: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2 Co.5.19). Jesus Cristo manifestou Deus na carne, pagando ao mesmo tempo o alto preço da redenção da humanidade. Conseguiu-o na forma de homem.

Grande mistério envolve a cruz, mas a vitória por ela alcançada vence qualquer dúvida ou temor. O “está consumado” (Jo. 19.30) anuncia a derrota do poder satânico por meio dos méritos da morte expiatória do Redentor. O reino do pecado e das trevas espirituais foi invadido. A morte, conquistada. Deus tomou a iniciativa. Cristo venceu! O seu sangue purifica e salva a raça humana.

Permaneçamos com reverência e fé ao pé da cruz, não só durante o período da Quaresma ou no decorrer da Semana Santa, mas, em todos os dias e momentos ao longo da vida.

- Pastor Alaor

Publicado originalmente no boletim informativo da CELC/SP - nº363