O poder da fraqueza

Se locomover sobre rodas pode ser uma demonstração de fraqueza ou de força. Com a fé ocorre algo semelhante. (Imagem criada por Jean Tosetto)
Se locomover sobre rodas pode ser uma demonstração de fraqueza ou de força. Com a fé ocorre algo semelhante.

No início do capítulo 12 da Segunda Epístola aos Coríntios, o apóstolo Paulo conta que teve o privilégio de receber grandes revelações do Senhor. Mas Deus permitiu também que ele fosse muito provado. Depois de descrever as várias tribulações, dificuldades e perigos próprios da sua atividade apostólica, Paulo escreve sobre uma provação particular que o acompanhava e o torturava continuamente. Ele confessa: “Mas, para que não ficasse orgulhoso demais por causa das coisas maravilhosas que vi, eu recebi uma doença dolorosa, que é como um espinho no meu corpo. Ela veio como um mensageiro de Satanás para me dar bofetadas e impedir que eu ficasse orgulhoso.”

Três vezes Paulo orou e pediu ao Senhor que o livrasse dessa angústia e sofrimento. Deus, porém, lhe respondeu: “A minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco”.

Não sabemos que tipo de provação era esta, mas supõe-se que tenha sido uma enfermidade ou um distúrbio físico permanente que, além de lhe incomodar muito, causava-lhe um visível sentimento de sua limitação humana. Todavia, a maior lição que o apóstolo tirou desta provação foi: “Eu me alegro também com as fraquezas... e as dificuldades pelas quais passo por causa de Cristo. Porque, quando perco toda a minha força, então tenho a força de Cristo em mim.”

Paulo vê na fraqueza um antídoto eficaz contra qualquer perigo de orgulho espiritual. E descobre nela o espaço no qual e através do qual se manifesta, em toda a sua plenitude, o poder da graça de Deus. Por isso, declara: “Portanto, eu me sinto muito feliz em me gabar das minhas fraquezas, para que assim a proteção do poder de Cristo esteja comigo.”

Cada um de nós pode estar sujeito a um sofrimento corporal ou espiritual que nos limita os planos, desejos e objetivos. Mesmo vivendo à luz da fé, as contrariedades acontecem e muitas vezes nos afligem e incomodam. Então, procuremos encarar estas angústias como expressão do amor de Deus que nos purifica, lembrando o ensinamento de Paulo: A provação nos torna cada vez mais conscientes do nosso nada e mostra mais claramente aos outros que tudo o que existe de bom ou de altruísta em nós, VEM DE DEUS.

Portanto, nada melhor do que a nossa fraqueza para manifestar que o poder que atua em nós não procede de nós mesmos, mas de Cristo. Assim poderemos ser também instrumentos autênticos do seu desígnio de salvação para a humanidade.

- Pastor Alaor

Publicado originalmente no boletim informativo da CELC/SP - nº 393