O que ficou para trás?

Comunidade rural do Rio Grande do Sul (circa 1950): fotografia de autor desconhecido pertencente ao acervo da Família Mantei.
Comunidade rural do Rio Grande do Sul (circa 1950): fotografia de autor desconhecido pertencente ao acervo da Família Mantei.

A minha mãe foi professora e lecionou muitos anos na Escola Municipal e na Escola Paroquial lá em Sertão, Mata/RS. Tive o privilégio de ser alfabetizado e cursar com ela o Primário, conforme classificação da época. E não só aprendi a ler e a escrever com ela, como também por ela e por meu pai recebi as primeiras instruções da palavra de Deus. Mas lembro-me igualmente que tanto ela quanto meu pai se preocuparam em me orientar também sobre a importância de poupar, presenteando-me um cofrinho de madeira que guardo até hoje, e no qual ainda preservo várias moedas antigas. Na medida em que a gente vai crescendo percebe-se melhor a filosofia do poupar e a própria vida acaba nos exortando a olhar para o futuro, intelectualmente falando, para chegar a ser alguém.

Tudo isso foi bom. Mas a Bíblia Sagrada diz que devemos parar e perguntar qual é o melhor caminho a seguir. Ela também nos avisa que um dia nós estaremos diante da Presença do Senhor a quem teremos de prestar contas. Então, nesse iniciar de um novo ano creio que é o tempo oportuno para refletirmos e meditarmos um pouco mais sobre O QUE FICOU PARA TRÁS?

A vida não estaciona e continuamente mostra-nos o que somos, o que fazemos, o que dizemos e o que deixamos de fazer ou de dizer. Como será que tem sido nossas ações, boas ou más? As Escrituras Sagradas nos advertem, afirmando que “o que uma pessoa plantar, é isso mesmo que colherá” (Gl.6.7).

Na verdade tudo o que se relaciona com esse mundo, por ser passageiro, aqui ficará. Por isso mesmo devemos lhe dar apenas o valor que merecem. E não imitar, por exemplo, a atitude daquele moço rico que fez do seu coração um armazém de dinheiro, não deixou lugar para o Redentor Jesus... “e foi embora” (Mt.19.22). Os próprios atos e pensamentos conduzem as pessoas à destruição física e espiritual.

Mas na retaguarda da vida há um Deus grande e amoroso. Grande em paciência porque continua sempre a espera que o homem se arrependa dos seus pecados, abandone os maus caminhos e volte-se para Ele. Grande em amor porque enviou o Seu próprio Filho para salvar a humanidade e o Espírito Santo para santificar a sua Igreja.

Sim, por detrás da nossa vida há um Pai amoroso que deseja o melhor para nós e espera pacientemente o nosso regresso ao lar. Se porventura temos inadvertidamente nos afastado da presença de Deus e deixamos de honrar os votos de fidelidade que fizemos no Altar do Senhor, hoje é o dia e AGORA é o momento de regressarmos e de nos reconciliarmos com Ele.

No começo deste novo ano, procuremos dar uma olhada ao passado, escutar a voz de Deus e, arrependidos pelos erros cometidos, voltar a segui-lo fielmente para sempre. Veremos que a nossa vida mudará e se transformará por completo. E então poderemos exclamar e cantar alegremente com o salmista: “Certamente a tua bondade e o teu amor ficarão comigo enquanto eu viver. E na tua casa, ó Senhor, morarei todos os dias da minha vida” (Sl.23.6).

- Pastor Alaor Güths dos Santos

Publicado originalmente no boletim "Notícia e Informações da Igreja Luterana de Moema" nº17 em janeiro de 2019.